domingo, 29 de maio de 2011

- Nossa, você o ama ?
- Amo.
- Mas como pode isso? Não vejo nada lindo nele, por sinal, só consigo ver o nariz e mais nada. E os músculos?
- Eu o amo sim, e as principais coisas que me fizeram despertar esse amor foram os olhos e o sorriso. Aquele olhar me iluminava, mais que a luz da lua e do sol, e abria o meu caminho. E o sorriso, nem se fala, me enchia de vida. Eu adorava vê-lo. Gostava também da falta de músculos pelo corpo todo, achava lindo o abraço aconchegante que ele tinha, e as besteiras que ele falava para que meus sorrisos também viessem à tona. Amo o nariz dele. Amo aquele pedaço de estatura que me falta até chegar ao topo da cabeça dele. Na verdade, amo toda a estatura dele. Acho linda aquela barriga magrinha e aquele semblante de malvado, que de malvado não tinha nada. Amo todas as reações que desperta/despertava em mim. Amo o gênio forte. Sim, eu amo. Eu amo os dedos dele, que não são maiores que os meus. Amo e acho lindo o toque dele. A voz então, nem se fala. O jeito super correto de escrever as coisas, me acostumando a cada dia com a sua forma culta e desajeitada de ser. Amo o amor que ele tem escondido no coração. Amo o cabelo pra cima, pra baixo, liso, crespo ou molhado. Amo o cheiro natural dele. Eu também amo...
- Mas e a beleza?
- A beleza é isso tudo ai. Não consegue ver?
- Não. E porquê não estás com ele, menina?
- Porque o amor quis que a saudade ocupasse boa parte de seu lugar, e que a mente também dividisse espaço, a razão. O meu amor de tão fraco e bondoso que é, não negou o que lhe pediram. Agora ele sofre e faz todo o resto sofrer junto. Acabei perdendo toda essa beleza que me pertencia, simples desse jeito, e que fazia o meu coração bater mais forte.
- Então você não o ama mais?
- É claro que o amo, só o deixei ofuscar por todo o resto.
- Tola!
- (supirou) Eu sei.

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